Croniqueta
Tenho uma amiga do peito, a M..., que do alto do seu metro e meio é uma grande mulher. Pessoa empreendedora, dirige com mão de ferro uma instituição de confecção de Pronto a Comer.
Possuidora de um humor caustico, tem a capacidade de extrair, das situações mais dramáticas, aquele nada que nos ajuda, pelo seu caracter humorístico, a aguentar o desespero da ocasião.
Regressada de férias, após um mês de corpinho ao leu, salvo seja, hei-la que vai abrir o estaminé e depara-se com o congelador principal avariado.
A matéria prima em risco de depreciação força-a a chamar de supetão o representante de tão indispensável equipamento.
Da diligência resulta a visita de uma equipa de "especialistas" que chega, por assim dizer, em duas rodas raspando o alcatrão.
O time era constituído por dois lídimos representantes da actual classe operária nacional, a saber:
Um cidadão luso-africano, que de luso só teria, quiça, a nacionalidade, arvorado em capataz.
Um pós-adolescente caucasiano com longa grenha, piercings vários e loira barba insípida.
Simpático, o negro, deita-se a observar atentamente as várias intrigantes e complicadas partes do delicado equipamento, observação essa sustentada por monólogo ininteligível, o qual o diligente assistente resolve acompanhar com um balanceado ritmado do seu corpo delgado. Mas de longe! Não fosse o chefe solicitar-lhe ajuda.
A M. observava, deliciada a cena.
De repente e sem mais, ergue-se o nosso colorido personagem que, com um sorriso de arrasar indaga:
" Quanto medes, sinhora?"
Pelo inusitado da pergunta e pelo inesperado da mesma fica a minha amiga sem reacção, olhos esbugalhados e boca aberta.
" Sinhora, quanto medes?" insiste.
" Um metro e cinquenta e três, mas...porquê?" consegue articular.
" Descurpa, sinhora, é para ver si chega à prateleira mais alta do congelador de cima. Precisa retirar as coisa para reparar o mesmo, sinão vai buscar banco".
Feita a reparação sem mais história e com uma competência inquestionável, vão-se encaminhando para a porta, a M. e a equipa da qual só o preto trabalhou (que me perdoem a crueza da expressão) é claro.
Eis senão quando o africano comenta, sabiamente, apontando para uns canos que corriam junto ao tecto:
" Não fala de racismo, sinhora, mas quem pintou aqueles cano di branco? Deviam ser preto que funciona milhor."
Do esforço que fez para não rir a M. ainda guarda hoje, e já lá vai uma semana, um pequeno derrame na vista esquerda que lhe ficou por testemunha de tão curiosa ocorrência.
Bom fim de semana e divirtam-se.
4 Comments:
Adorei o diálogo, foi fantástico.
Bom fim de semana
Deixo meu ABRACO AMIGO!
_E' "Tudo" o que consigo "deixar", hoje!
Fique em PAZ!
Heloisa B.P.
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ehehehe..também gosto muito destes episódios. Ainda agora "assisti" a um, vai lá ver. Beijocas!
Espetacular! (lol) Mas o que conta é a competência. Bjokas
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