quinta-feira, agosto 25, 2005

Crónicas de Milfontes (I)

Cada Verão há , pelo menos, uma história para contar. Recordo-me certa vez, estando á borda de água de conversa com malta que por ali se gasta, na zona mais social da praia do Malhão, ao passar a vista pela rebentação lobrigo o meu amigo Almirante C. acenando efusivamente com água pelo peito. Como o mar estava relativamente manso supusemos todos que se tratava de uma manifestação de efusiva alegria de nos ver (coisa que, à partida já seria basto estranho vinda de quem vinha, homem sério pouco dado a gestos inúteis). Respondemos todos em conformidade esbracejando e gritando feitos parvos dando como encerrado esse episódio de urbanidade.
Mas não é que o garboso marinheiro não se cansava e chamava-nos para dentro de água! Pelo sim pelo não, não fosse o rapaz estar a sentir-se mal, meto-me ao mar na sua direcção mas com uma certa dignidade. Sempre era um Almirante. Chegado ao pé do suposto naufrago deparo-me com um Oficial General marítimo, roxo de frio e em pelo. Na verdadeira acepção da palavra pois o JL, em termos de tecido capilar corporal, fazia inveja ao King-Kong. Do fato de banho, nem sombras.
-“ Ó Zé Maria, faz-me um favorzinho. Pede à F. (sua mulher) uma toalha para eu poder sair da água.”sussurra, batendo castanholas com os dentes.
-“ Favor concedido, meu Almirante, mas não sais daqui sem uma boa explicação”
-“ Deixa-te lá de merdas. Eu depois conto”
Suspenso no suspense vou a caminho da esposa em demanda do pano destinado a esconder as pudibundas e almirantinas partes das vistas das tão virtuosas e inocentes senhoras que decoravam as alvas areias.
Salvas as aparências, posto o corpo a seco, esprememos-lhe a história.
Audaz, como todo o luso mareante, resolveu experimentar os benefícios da exposição integral do seu precioso velo às radiações do Astro Rei. Para tal, deslocou-se a uma pequena praia adjacente, a Praia dos Nús, que dista desta cerca de quinhentos metros.
Como o ar estava quente, a água tépida e as ondas rasas deitou-se na areia húmida mesmo na orla, com o calção ao lado, à mão de semear, não fosse aparecer alguma pequena excursão de gente conhecida em visita turistico-peno-vagino-mamal (este é um programa que já faz parte das actividades de lazer estivais, para o pessoal têxtil ).
Vencido pela modorra sucumbe aos prazeres do sono. A partir daqui a descrição do que se passou é confusa. Certo é que o fato de banho desapareceu e não lhe conseguimos arrancar qualquer explicação coerente. Choque traumático fruto do estado de algidez? Nunca o saberemos.
O pudor da patente e não só, obrigou-o, pois, a percorrer o meio quilómetro que o separava da civilização, por dentro de água, a recato de olhares mais concupiscentes. É assim que no fim desta saga nos deparamos com ele e sua desesperada dança aquática.

8 Comments:

Anonymous Anónimo escreveu...

Pois coisas de homens, tímidos, qual seria o problema de mostrar o que tinha ao pessoal da areia, e a mão atraz e a outra á frente n/ servia...Gentinha complicada
Beijo

14:25  
Anonymous Anónimo escreveu...

realmente...
apesar do stress da altura, agora é uma história que faz rir. o pior é quando a chega á conclusão que não temos histórias para contar.

14:36  
Anonymous Anónimo escreveu...

:)))) Deves ter histórias lindas para contar. Deves, deves. Beijinho grande, aqui de longe

Chanel

09:46  
Blogger margusta escreveu...

Olá
Obrigada pela tua visita.
Dei uma espreitadela nos teus arquivos e confesso que gostei imenso das tuas pinturas.
Pelo que percebi ( não sei se estou errada) ainda não fizes-te exposições!
Pois digo-te que é um pecado...porque adorei o teu trabalho
Vou passar a visitar-te para te ler tambem.
Beijinhos.

23:06  
Blogger Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes escreveu...

És um homem cheio de sorte...isto é a simpatia em pessoa mulheres poraqui são aos montes, tens mel oh Teles...deves ser um homem que encanta o seu arém, pois eu também aqui estou seduzida e fascinada pelo teu blog, ora para que esconder...pela tua foto também.`
Beijos

20:00  
Anonymous Anónimo escreveu...

Ah, sobrinho desnaturado! O que te vale, é que me entraste directinho na alma, porque, senão, levavas duas belas nalgadas (rssss...)
Então, dizes que não te liguei pevide? A distancia que vai do meu espaço ao teu é a mesma do teu ao meu...E, pelo que vi, não estou na tua lista (aqui, imagina-me lavada em lágrimas, que, a bem dizer, bem decantadas, para lhes retirar o sal, vão diminuir a seca, que assola estas paragens minhotas) Bom, já te passei um raspanete, agora, vou dar-te aquela beijoca repenicada que tenho guardada para estes momentos. Para mim, vais ser sempre o meu sobrinho Emílio, ouviste bem? E, cá continuo à espera da dita serigrafia...
E, para que não voltes a dizer que não te ligo pevide, vou lincar este Ao sabor da aragem
Recebe um beijo bem repenicado desta tua tia que muito orgulho tem num sobrinho (que, agora reparo, cresceste muito, ó menino) já não me cabes no colo...rsss
Boas férias, aí, em Vila Nova de Milfontes. Se deres um salto à Zambugeira do Mar, vai ao restaurante da D. Francisca, e, delicia-te com uma bela açorda de marisco :)

14:08  
Blogger Heloisa B.P escreveu...

"A Partir DAQUI, nao parei de rir_RIR_! ate' ao ultimo sinal de pontuacao!
"Suspenso no suspense vou a caminho da esposa em demanda do pano destinado a esconder as pudibundas e almirantinas partes das vistas das tão virtuosas e inocentes senhoras que decoravam as alvas areias.
Salvas as aparências, posto o corpo a seco, esprememos-lhe a história.
Audaz, como todo o luso mareante, resolveu experimentar os benefícios da exposição integral do seu precioso velo às radiações do Astro Rei. Para tal, deslocou-se a uma pequena praia adjacente, a Praia dos Nús, que dista desta cerca de quinhentos metros.
Como o ar estava quente, a água tépida e as ondas rasas deitou-se na areia húmida mesmo na orla, com o calção ao lado, à mão de semear, não fosse aparecer alguma pequena excursão de gente conhecida em visita turistico-peno-vagino-mamal (este é um programa que já faz parte das actividades de lazer estivais, para o pessoal têxtil ).
Vencido pela modorra sucumbe aos prazeres do sono. A partir daqui a descrição do que se passou é confusa. Certo é que o fato de banho desapareceu e não lhe conseguimos arrancar qualquer explicação coerente. Choque traumático fruto do estado de algidez? Nunca o saberemos.
O pudor da patente e não só, obrigou-o, pois, a percorrer o meio quilómetro que o separava da civilização, por dentro de água, a recato de olhares mais concupiscentes. É assim que no fim desta saga nos deparamos com ele e sua desesperada dança aquática.
*******************************
Meu Bom AMIGO, ja' tinha saudades deste seu jeito de dizer!-tenho perdido muito com minhas impossibilidades!
_Gostei muito de ve-LO la' no Heloisa!
_Deixo meu Abraco!
_Permita-me uma pergunta:
_AS PINTURAS???
Fique em PAZ e SAUDE!
Sua amiga,
Heloisa B.P.
****************Voltarei, tao rapido, quanto me for possivel!
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22:01  
Blogger Bulbucus Íbis escreveu...

Fico à espera da (II). Imagino...

14:34  

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