terça-feira, janeiro 15, 2008

Em estado de choque

Foi como fiquei ontem à noite ao assistir à belíssima reportagem num dos canais privados de televisão, emitida após o Jornal da Noite. Era ela sobre as implicações de um novo regulamento ou lei, não apanhei a designação, na duração do período de prisão preventiva ou na anulação da mesma por já ter prescrito o seu prazo de aplicação, entre outros aspectos. Quero exprimir, GRITANDO, a minha indignação perante o que me parece a maior pouca vergonha, cara de pau, e desonestidade do autor ou autores e de todos os responsáveis pela concepção, gestação e parto de tão miserável e horrenda criatura. Até os mais burros e ingénuos como eu topam à légua que o nascituro vem amenizar drasticamente as consequências penais das pedófilas badalhoquices cometidas pelos VIP políticos e colunáveis da nossa praceta. Sim praceta porque praça implica certa grandiosidade, ausente da nossa sociedade. Cada um dos abusadores viu a quantidade de crimes que lhe eram imputados ser reduzida para menos de um terço, redução essa quando não ainda inferior a essa fracção. Na ânsia de acudirem aos seus pares e correligionários, os autores nem sequer se preocuparam do facto de poderem pôr na rua assassinos confessos implicados, cumulativamente, em casos de violência sexual contra crianças.
Auto-censurei o texto que tinha preparado, entretanto. Tinha uma série de insultos que heroicamente, consegui engolir a custo. Achei que realmente não devia lançá-los porque iriam incomodar mais quem os lesse e nada aqueles a quem se destinavam, pois esses por aqui não passam.Tudo isto me mete nojo, raiva, revolta e desgosto. Cada vez me orgulho menos deste país onde uma maioria de mortos-vivos olha para o lado à passagem dos torpes ditames de sucessivos lamentáveis governos prenhes de compadres, desta mais que lamentável republica que, maioritária e democraticamente, merecemos.

4 Comments:

Blogger Ruvasa escreveu...

Viva, Teles da Silva!

"Cada vez me orgulho menos deste país onde uma maioria de mortos-vivos olha para o lado à passagem dos torpes ditames de sucessivos lamentáveis governos prenhes de compadres, desta mais que lamentável republica que, maioritária e democraticamente, merecemos."

Absolutamente de acordo. Não somente em relação a este extracto, mas a tudo o resto.

Tudo o que se refere a Justiça, leis, práticas, legisladores, agentes tem sido razão mais do que suficiente para que todos em geral - excepção feita aos criminosos de qualquer espécie - nos sintamos imensamente incomodados e de certo modo receosos com tudo quanto se passa.

O problema - e não sei como ultrapassá-lo, se não através da insistência do cidadão comum ainda não "adulterado", por todos os meios ao seu alcance, que pouco vão além da Blogosfera, que ainda bem que existe - é que o pais está nas mãos de interesses que nada têm que ver com os do cidadão comum. Sempre assim foi, mas está a agravar-se de forma inaudita, porque quem governa não quer que seja de forma diferente nem teria preparação intelectual - e não só - para algo mudar se o quisesse. A incompetência campeia por aí. A arrogância também. Por isso as patifarias se multiplicam.

Só tenho pena, sinceramente tenho, que não possamos fazer uso de outros meios na Blogosfera, isto é, para além de nos servirmos de um Blogger situado no estrangeiro, como acontece, não dispormos também de um Internet Provider igualmete sediado lá fora.

Para o efeito, seria óptimo viver e trabalhar em Badajoz, por exemplo.

Mesmo assim, entendo que a Blogosfera já conseguiu coisas muito assinaláveis. Pôs à mostra muita podridão que, de outro modo, teria ficado no segredo das alcovas. E ainda há dias obteve - porque muito ajudou nisso - uma vitória assinalável no caso do novo aeroporto.

"Isto" está dominado por vários lobbies. Desde os que cantam o YMCA, aos que juntam as mãos em prece fingida, aos que não passam de "trolhas", aos que... aos que... Não há volta a dar-lhe.

Ainda o Eça se queixava!...

Mas há que não desistir, não esmorecer. Todos. Ao menos, fazer-se o que for possível. Resistir, resistir, resistir é o lema. Hoje, amanhã, depois...

Abraço

Ruben

18:45  
Blogger Isabel Magalhães escreveu...

Viva, JM;

Parece que o sistema já está a funcionar; não tive acesso aos blogs durante grande parte da tarde.

Quanto ao teu excelente artigo, já disseste muito, o Ruben também, e eu deixo o meu aplauso

CLAP CLAP CLAP!

Sobre a nova legislação, a tal que protege a bandidagem, fiquei arrepiada logo de manhã com a notícia de uma jovem senhora que foi agredida e violada dentro de casa, (Lisboa, Lapa) por um assaltante, que e como não foi apanhado em 'flagra' saiu em liberdade. A infeliz senhora saltou pela janela para fugir ao assaltante / agressor / ladrão / violador e recupera, no hospital, das fracturas e dos traumas.

Está-se bem!

Bj

I.

20:34  
Anonymous Anónimo escreveu...

Somos o país que temos.

12:30  
Blogger Ruvasa escreveu...

Não alinho muito na resposta a "anónimos" mesmo anónimos, independentemente da razão ou sem-razão do anonimato, mas desta vez não resisto a "corrigir" uma pequena nuance: temos o país que somos.

Ruben

19:01  

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