segunda-feira, abril 04, 2005

De volta

Olá pessoal. Estou de volta e não parti nem arruinei qualquer parte anatómica. O tempo esteve bom de mais o que implicou a neve boa de menos mas melhor do que eu tinha perspectivado.

Hoje trago-lhes um poema curioso, na linha daquele outro de António Gedeão. Era esse físico-químico. É este matemático. O autor é para mim desconhecido. Se alguém tiver conhecimento do mesmo, apite.

POEMA MATEMÁTICO

Um Quociente apaixonou-se
Um dia,
Doidamente,
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Expoente à Base...
Uma Figura Ímpar:
Olhos rombóides, boca trapezoidal,
Seios esferóides, corpo ortogonal.

Fez da sua vida
Uma paralela à dela,
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?", indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos;
Mas pode chamar-me Hipotenusa”.

De falarem, descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs:
Primos-entre-si.

E assim se amaram,
Ao quadrado da velocidade da luz,
Numa sexta potenciação, traçando,
Ao sabor do momento e da paixão,
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas
E pitagóricas.

E, enfim, resolveram casar,
Constituir um lar;
Mais do que um lar,
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações
E diagramas para o futuro,
Sonhando com uma felicidade
Integral e diferencial.

E casaram e tiveram
uma secante e três cones,
Muito engraçadinhos.

E foram felizes...
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos,
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais um Todo,
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.

Desse problema, ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi, então, que
De Einstein descobriu
A Relatividade.

E tudo que era espúrio,
Passou a ser Moralidade,
Como, aliás, em qualquer Sociedade.

2 Comments:

Blogger Bruno Santos escreveu...

O poema, que está ligeiramente adaptado num ou noutro ponto, é do escritor e humorista brasileiro Millôr Fernandes.

12:09  
Blogger JMTeles da Silva escreveu...

Obrigado BOS. Você é um poço sem fundo de sabedoria :). Abraço.

15:30  

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