quarta-feira, junho 22, 2005

Amargura

A última parte do caminho opõe-se-me, avessa.
Deixei para trás tanto atalho que não aproveitei,
Tanta ladeira que evitei por preguiça,
Tanta ponte que, por medo, não cruzei.
O bordão que ainda empunho está gasto e frágil. É amparo periclitante!
Caquéctico, ainda piso com denodo em pedras que devia evitar
Pois a fragilidade dos membros dita fractura eminente.
Vejo já de longe todos os que inutilmente zurzi, a matar,
Com palavras repassadas de impiedade e escárnio indecente.
Gostaria de dizer que ao rir deles, de mim amargamente ria,
Convicto que ao assim proceder a Imperfeição esconjuraria.
Para esta impertinente e estulta convicção,
Acto de contrição serôdio, tardia redenção.

5 Comments:

Blogger Raquel Vasconcelos escreveu...

Lindo! Bolas! Agora é que fico sem palavras...
Tens finalmente aqui colocado algo mais que a alma, tens colocado o dom. Querias escondê-lo vá-se lá saber porquê... como se só o dom de pintar fosse decente. Como se as palavras te traíssem muito mais.

Caracterização perfeita do ser humano em alguns dos seus detalhes...

Bj

11:57  
Blogger Unknown escreveu...

Tu escreves coisas lindas mesmo, coisas com um sentido de estéctica espantosos. Gostei muito.
Beijo

16:29  
Blogger X escreveu...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

17:09  
Blogger Mitsou escreveu...

Lindo, poeta. Conseguiste humedecer-me os olhos, tu que também sabes fazer-me chorar a rir. Um grande beijo, amigo.

22:21  
Blogger mdm escreveu...

Muito bonito mas agora quero a versão doce!

18:22  

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