Amargura
A última parte do caminho opõe-se-me, avessa.
Deixei para trás tanto atalho que não aproveitei,
Tanta ladeira que evitei por preguiça,
Tanta ponte que, por medo, não cruzei.
O bordão que ainda empunho está gasto e frágil. É amparo periclitante!
Caquéctico, ainda piso com denodo em pedras que devia evitar
Pois a fragilidade dos membros dita fractura eminente.
Vejo já de longe todos os que inutilmente zurzi, a matar,
Com palavras repassadas de impiedade e escárnio indecente.
Gostaria de dizer que ao rir deles, de mim amargamente ria,
Convicto que ao assim proceder a Imperfeição esconjuraria.
Para esta impertinente e estulta convicção,
Acto de contrição serôdio, tardia redenção.
Deixei para trás tanto atalho que não aproveitei,
Tanta ladeira que evitei por preguiça,
Tanta ponte que, por medo, não cruzei.
O bordão que ainda empunho está gasto e frágil. É amparo periclitante!
Caquéctico, ainda piso com denodo em pedras que devia evitar
Pois a fragilidade dos membros dita fractura eminente.
Vejo já de longe todos os que inutilmente zurzi, a matar,
Com palavras repassadas de impiedade e escárnio indecente.
Gostaria de dizer que ao rir deles, de mim amargamente ria,
Convicto que ao assim proceder a Imperfeição esconjuraria.
Para esta impertinente e estulta convicção,
Acto de contrição serôdio, tardia redenção.
5 Comments:
Lindo! Bolas! Agora é que fico sem palavras...
Tens finalmente aqui colocado algo mais que a alma, tens colocado o dom. Querias escondê-lo vá-se lá saber porquê... como se só o dom de pintar fosse decente. Como se as palavras te traíssem muito mais.
Caracterização perfeita do ser humano em alguns dos seus detalhes...
Bj
Tu escreves coisas lindas mesmo, coisas com um sentido de estéctica espantosos. Gostei muito.
Beijo
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Lindo, poeta. Conseguiste humedecer-me os olhos, tu que também sabes fazer-me chorar a rir. Um grande beijo, amigo.
Muito bonito mas agora quero a versão doce!
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