sexta-feira, julho 15, 2005

Nossas pequenas taras

Se existe coisa que funciona como a precisão de um relógio atómico é o apelo da Natureza à minha pessoa. Por essas 7.30 da madrugada sou obrigado a mudar da posição de deitado na cama para sentado na casa de banho. E sempre assim foi. Vão-me desculpar a intimidade do trecho mas ela é imprescindível para a compreensão do que segue.
Faz já aí uns 40 anos que uma certa manhã esta rotina teve um soluço. Saí de casa sem que nada se tenha passado! Estava combinada uma volta de moto com um grupo de amigalhaços. Aí vou eu com a sensação de uma qualquer tarefa não cumprida. Seja o que Deus quiser...pensei com os meus botões.
Acelera daqui, curva dali, chocalha acolá, somos chegados á zona da praia do Meco onde ainda não existiam as urbanizações agora vigentes. Pequenas leiras rodeadas de muros de pedra arrumada à mão encostados a canaviais davam o tom à bucólica paisagem. Tufos de pinheiros impunham um toque silvícula e fresco ao conjunto.
Sem avisar, e subitamente, o que tinha que ser mostrou a sua força!
A má qualidade do caminho tinha soltado a vontade adormecida que em mim residia desde a alvorada. Paro, atiro a moto para o chão e salto, com a leveza dada pela aflição, o murosito que mais perto se encontrava, em busca de algum recato. Já na posição adequada ao cumprimento de um destino inexorável e mais aliviado, deparo-me com um burro que me olhava com cara de poucos amigos. Como eu resistisse à sua manifestação de desagrado pela invasão do seu espaço vital, para mim avança de beiçolas arreganhadas, certamente para me filar alguma parte anatómica mais à mão, perante o gáudio dos meus amigos. Dada a premência da situação olho em volta em busca de objecto adequado a uma indispensável higiene.
E, céus, reluzindo no meio da erva rala, uma única pinha, daquelas ainda por abrir, ressumando resina, apelava-me à decisão que se queria rapidíssima. Assim foi, pois!
À laia de epílogo, chegado a casa, tinha perante mim a obra inglória de separar a minha alva roupa interior da minha mais que mimosa epiderme revestidora do meu massacrado posterior, intimamente ligados por resinosa matéria.
Meio litro de álcool fez a festa. E mais três tubos de Lauroderme para regeneração dos tecidos afectados.
Moral da história: ficou-me desde aí uma psicose que me impede de abandonar o aconchego do Lar sem uma visita de sucesso à casinha.

11 Comments:

Blogger Raquel Vasconcelos escreveu...

Oh Balha-me deus!!!!!
Raios home q descrição matinal... o meu café com leite tá aqui a dançar violentamente...

Não fosse a tua capacidade de escrita ser exuberante e juro que me transformava em burro e ia aí arreganhar as beiçolas!!!!


LOL

jokas

09:56  
Anonymous Anónimo escreveu...

Afinal não sou só eu que escrevo sobre estas preocupações.
Fartei-me de rir.
Hei-de ensinar-te como e limpa o dito com um cartão de visita....

Agora outro assunto pendente:
ALDRABÃO és tu, ó Telles, ignorantão e mau feitio:
ora informe-se, faxavor:
http://www.geocities.com/marea_veneziana/, por exemplo.
Estive, desta vez, 20 dias em Veneza. Só houve uma maré alta ou acqua alta. (DUROU CERCA DE 3 HORAS)
Contudo, nas informações da Câmara está lá tudo bem explicado num placard, à saída dos vapotettos que vêm de Lido e Ponta Sabbione: 250 dias de maré alta, previsíveis; motivos: afundamento contínuo da cidade; chuvas, entupimentos consequentes; lua cheia ou nova, entre outros.

E, para a próxima, ó caga no mato, vá chamar aldrabona a outra....
//(~_~)\\ um beijo da Titas

12:46  
Anonymous Anónimo escreveu...

Lindo, não
ao resisto, vou deixar aqui uma parte da carta que mandei, via blog, para o nosso Eduardo:
20 de Abril 2005, Roma
".....
Logo 'a chegada, fui 'a casa de banho (como sabes sou uma mijona do caraças).

Quase desmaiei! Um oceano de marmores, espelhos, cristais, luzes directas e indirectas, sala de maquilhagem, duches sumptuosos, plantas exoticas naturais... ate uma fonte, quase tao bela como a de Trevi.

Ainda sob o choque de extase fui fazer o meu xixi. Tu sabes, Eduardo, que nos, meninas, temos uma maneira particular de fazer xixi. O primeiro jacto que sai pela força da gravidade 'e direccionado para a parede da sanita, de forma a que o som se assemelhe ao de uma cascata, depois o jacto acaba e, apos alguns segundos faz-se mais um bocadinho. Limpa-se o pingo, e 'prontos' ja esta.
Pois 'e, Eduardo, so que acontece que o barulho da agua da fonte estimula o xixi, a gente limpa o pingo e (desculpa a palavra) a vontade de mijar regressa.

Enfim, para abreviar, digo-te que de tanto me relaxar ao som da agua da fonte, chegou a vontade de algo mais solido, se 'e que me faço entender...
Nada de grave se, para completar o paraiso daquela casa de banho, a musica nao fosse sacra.

Eduardo, (e volto a pedir desculpa pela palavra) tu conseguirias cagar ao som da Ave Maria de Schubert? Eu nao.
Mas a semente (chamemos-lhe assim) estava la. E o desconforto tambem. No final de um canto Gregoriano, verde de raiva, fiz um esforço herculeo e o tampao precursor do alivio subsequente saiu disparado. E eis que irrompe por todo o espaço o clamor dum Aleluia! Aleluia!

Nao me contive. Depois do susto inicial desatei a rir. 'E evidente que tudo o que deveria sair regressou 'a base.

Depois de 2 dias de desconforto, habituei-me 'a musica sacra (com a excepçao da Ave Maria de Schubert) e tambem 'a restante musica classica, mas uma duvida se me levanta:
Sera que, no futuro, serei capaz de assistir a um concerto sem que me venha uma vontade irresistivel de cagar? "

//(~_~)\\ mais um beijo da Titas

12:55  
Blogger Raquel Vasconcelos escreveu...

LOL... que dois, que dois ;)

12:59  
Blogger JMTeles da Silva escreveu...

Estou com o terror de poder ter aberto a Caixa de Pandora dos xixis e cócós! Oh não!!!!CHEGA!

13:11  
Blogger Menina Marota escreveu...

AHAHAHAHAHAH

Já me dói a barriga de tanto me rir!! Mas não é de si, amigo, mas do comentário da Titas!! É impagável esta Mulher!!!

O Avé Maria de Schubert, na casa de banho! eheheh

Adorei ler-vos aos dois!!

Abraço ;

(Em tempo: grata pelas suas palavras no meu blog. Sim. Realmente não devemos dar importâncoa a quem não a tem. Por isso voltei. Aos meus 4 blogues, onde espero ter a sua grata visita.)

;)

13:12  
Blogger Unknown escreveu...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

14:28  
Blogger Raquel Vasconcelos escreveu...

Vocês vejam lá o que já Freud dizia dessas cumbersas de sala de banho ;)

15:45  
Blogger Unknown escreveu...

Olá Zé, já li este post mais de 3 vezes e n/ consigo acabar de ler sem os olhos marejados de lágrimas. Ora vai lá uma pessoa conseguir ser tão minuciosa como tu neste caso tão premente, e não fora o raio do jumento estragar o mobiliário e a coisa dava pano para mangas, oh se dava. Lamento que não tivesses esfregado o dito cujo com um pouco de caruma seca, e meigamente o acariciado. Talvez o resultado n/ tivesse sido pior, mas na hora da tua escolha, pelos vistos o gajo n/ simpatizou contigo e detestou o disfrute que tavas a ter no recanto dele. Pois essas coisas acontecem muito a quem n/ consegue comandar os seus mais primários extases. Bem adiante...mas gastaste a resina toda? E o que aconteceu aos pêlos do local afectado ?

Beijocas meu grande amigo

16:41  
Anonymous Anónimo escreveu...

Prontos, lá me fez ele chorar a rir outra vez! Agora, tirando (tirando?) a hilariante vertente escatológica, a prosa poética é belíssima, Zé Maria. Que bem que tu escreves, amigo! Beijo grande, aqui de longe :))

Chanel

20:19  
Blogger Raquel Vasconcelos escreveu...

Bolas! E não deixei um bom fim de semana ;)

:*

18:58  

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