quarta-feira, agosto 31, 2005

Há muito, muito tempo...

...O filme não presta e a tua presença, é, a meu lado, perturbadora.
É a primeira vez que saímos juntos, a sós.
A sala está quente e convida a um despir socialmente aceitável, é claro.
As sweat-shirts jazem nos colos respectivos, já desprovidas de qualquer forma reconhecível.
Apesar da qualidade mais que insuficiente da película, as cenas de efeitos especiais não nos deixam indiferentes e provocaram a migração inconsciente do teu corpo em direcção a mim.
Por um momento o teu ombro encosta no meu. O pequeno salto que dou é disfarçado pela reacção aceitável a uma qualquer explosão na tela.
Ficamos colados pelas peles húmidas dos antebraços, sem eu ter a certeza que a tua concentração no ecran justifica a imobilidade neste contacto, ai de mim, já tão íntimo.
Arrisco! Passo o meu braço por detrás do teu cotovelo e tomo-te a mão, fechando os olhos e engolindo em seco.
Só me lembro de uma outra mão doce e delicada poisar na minha face, rodando-a na direcção certa e de uma boca perfumada se encostar à minha.
Nunca conhecerei o desfecho do enredo. A sala estava vazia não havendo a quem perguntar e a curiosidade dissipou-se-me a bem de outros interesses.

terça-feira, agosto 30, 2005

Algumas

frases de engate

1. Lindas pernas...a que horas abrem?

2. Gostaria imenso que ver que aspecto terias quando eu estivesse nú.

3. (Lambe o dedo e limpa-o à blusa dela) ... Deixa que te livre dessa roupa molhada.

4. Se é verdade que nós somos o que comemos, eu podia ser tu quando fosse de manhã.

5. Tu. Eu. Chantilly. Algemas. Alguma pergunta??

6. Essas roupas ficariam lindamente num molho no chão do meu quarto.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Crónicas de Milfontes (I)

Cada Verão há , pelo menos, uma história para contar. Recordo-me certa vez, estando á borda de água de conversa com malta que por ali se gasta, na zona mais social da praia do Malhão, ao passar a vista pela rebentação lobrigo o meu amigo Almirante C. acenando efusivamente com água pelo peito. Como o mar estava relativamente manso supusemos todos que se tratava de uma manifestação de efusiva alegria de nos ver (coisa que, à partida já seria basto estranho vinda de quem vinha, homem sério pouco dado a gestos inúteis). Respondemos todos em conformidade esbracejando e gritando feitos parvos dando como encerrado esse episódio de urbanidade.
Mas não é que o garboso marinheiro não se cansava e chamava-nos para dentro de água! Pelo sim pelo não, não fosse o rapaz estar a sentir-se mal, meto-me ao mar na sua direcção mas com uma certa dignidade. Sempre era um Almirante. Chegado ao pé do suposto naufrago deparo-me com um Oficial General marítimo, roxo de frio e em pelo. Na verdadeira acepção da palavra pois o JL, em termos de tecido capilar corporal, fazia inveja ao King-Kong. Do fato de banho, nem sombras.
-“ Ó Zé Maria, faz-me um favorzinho. Pede à F. (sua mulher) uma toalha para eu poder sair da água.”sussurra, batendo castanholas com os dentes.
-“ Favor concedido, meu Almirante, mas não sais daqui sem uma boa explicação”
-“ Deixa-te lá de merdas. Eu depois conto”
Suspenso no suspense vou a caminho da esposa em demanda do pano destinado a esconder as pudibundas e almirantinas partes das vistas das tão virtuosas e inocentes senhoras que decoravam as alvas areias.
Salvas as aparências, posto o corpo a seco, esprememos-lhe a história.
Audaz, como todo o luso mareante, resolveu experimentar os benefícios da exposição integral do seu precioso velo às radiações do Astro Rei. Para tal, deslocou-se a uma pequena praia adjacente, a Praia dos Nús, que dista desta cerca de quinhentos metros.
Como o ar estava quente, a água tépida e as ondas rasas deitou-se na areia húmida mesmo na orla, com o calção ao lado, à mão de semear, não fosse aparecer alguma pequena excursão de gente conhecida em visita turistico-peno-vagino-mamal (este é um programa que já faz parte das actividades de lazer estivais, para o pessoal têxtil ).
Vencido pela modorra sucumbe aos prazeres do sono. A partir daqui a descrição do que se passou é confusa. Certo é que o fato de banho desapareceu e não lhe conseguimos arrancar qualquer explicação coerente. Choque traumático fruto do estado de algidez? Nunca o saberemos.
O pudor da patente e não só, obrigou-o, pois, a percorrer o meio quilómetro que o separava da civilização, por dentro de água, a recato de olhares mais concupiscentes. É assim que no fim desta saga nos deparamos com ele e sua desesperada dança aquática.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Vai-vem

Mais dois diasitos de férias. Milfontes, a qual a seca transformou em Semfontes.
O mar do Malhão compensa a aridez do resto. O mexilhão abunda mas miúdo. A temperatura da água mais do que agradável.
A subida da praia cada vez mais íngreme ou eu cada vez mais pesado.
O pequeno almoço tagarelado no Pão & Cª, com uma multidão de conhecidos e amigos é um marco na rotina matinal.
Obrigado a todos pelas visitas.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Esperança

Ainda te verei planar
no embalo da corrente ascendente
do teu desejo de seres liberta.
O ar em movimento
secará nas asas da garça dourada
as lágrimas amargas
de tempos idos.
Deixa-te levar
contornando talvegues e
aflorando as encostas ondulantes
até que o vento te deixe espraiada
na orla de Neptuno,
desencarcerada enfim.
Recebe aí, da melopeia das vagas,
o mote para a tua canção de júbilo.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Surreal

Brilhas demais para mim.
Tudo o que se interpõe entre nós perde o detalhe em favor do contorno.
Visto de mim para ti.
Em eterna contraluz onde toda a essência se reduz à forma,
A moral dilui-se no comportamento e o pensamento na palavra.
Do amor resta a poesia.
Nesta, comanda a pontuação(ponto final)

quarta-feira, agosto 17, 2005

Restos

Caixote do lixo a deitar por fora
de pedaços de incompreensão,
de lágrimas choradas por razões só minhas,
de letras soltas de palavras que não cheguei a pronunciar.
Amontoam-se restos de beijos que nunca dei,
carícias recusadas,
meio-sorrisos tristes,
retalhos de dor e outros despojos de amor.
Vou pôr-me à porta à espera que passe o camião.
Amanhã, já vazio, tenho a minha capacidade disponível.
Hoje, mais, não!

terça-feira, agosto 16, 2005

Indignação

Depois de tão massacrados que somos com as notícias dos fogos e da dimensão que estes têm atingido no nosso país, como se sentiriam vocês se vivessem numa zona intensamente arborizada e se do terreiro de festas de uma povoação situada dentro de um Parque Natural ouvissem um festival de foguetes e morteiros que se prolongariam durante, pelo menos, meia -hora soprados por um ventinho de feição?
Que perguntas lhes passariam pela cabeça?

a) Quem foi o filho da puta de um cabrão que autorizou aquela merda?
b) Quem foram os filhos de um cabaz de cornos que pegaram fogo à trampa dos artefactos?
c) Por que não se opuseram os Bombeiros?

É o que eu chamo uma manifestação de saloiíce inútil e criminosa na Malveira da Serra às 4 da tarde, com trinta e tal graus, dia 15 de Agosto.

Desculpem a linguagem, mas foi é demais!

sexta-feira, agosto 12, 2005

Fim de semana

Só agora me ocorreu que apenas os verei na terça feira. Para que não fiquem com uma sensação de amargor nas vossas virtuais boquinhas devido à natureza dos últimos posts, aqui lhes deixo uma com a qual farão sucesso junto dos vossos amigos.

Retrete pública. Branco esvazia a bexiga ao lado de um luso africano. Olha, o branco, de esguelha e o seu olhar fixa-se, atónito, no coiso do vizinho. Temendo ser mal interpretado exclama pressuroso:
- Você desculpe estar a olhar mas é que você tem um material cá de um tamanho! Sempre foi minha ambição. Como conseguiu tal apêndice?
- É simples - responde, malandro, o negro - desde novo que, todas as manhãs ao levantar, bato com ele na borda do lavatório, várias vezes e ele estica. Este é o segredo da nossa raça.
Quize dias são passados e a coincidência fá-los encontrarem-se nas mesmas condições.
Cínico, o membrudo indaga junto do branquela:
- Então amigo, que tal? Isso já cresceu?
- Olhe - responde o rapaz, agradecido - estou cheio de esperança! Crescer, crescer não cresceu, mas a roxidão, pelo menos, já cá canta.

Nada mais

Abro-te os braços
para que encontres neles todo o carinho que buscas.
Para que esqueças as lágrimas mais amargas,
ofereço-te um sorriso.
Beijo-te as feridas
para que sintas alívio.
Para que descanses,
sento-te no colo embalando-te até que durmas.
É apenas o que consigo dar-te aqui na Terra
como arremedo mais próximo do Paraíso.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Na núvem de Oort

"Muito para lá da órbita do último planeta
Onde o sol é já só uma referência,
Vai residir a alma deste meu corpo desencarnado,
Do que foi um condenado, sem esperança.
Estarei na senda dos espíritos
De todos os seres do Sistema Solar
A caminho do Além Supremo,
Onde o Fim se confunde com o Princípio
E o Destino com a Origem de todas as coisas.
Hás de passar por mim e não me reconhecerás,
Porque o que de mim resta
É aquilo que nunca te deste ao trabalho de perceber
Na ânsia que tinhas de cevares essa tua fome de matéria efémera e perecível.
Olharás para mim sem me veres
Pois não provocarei qualquer imagem no fundo da tua retina,
E quando te acenar, apenas sentirás o bater de asas
De uma borboleta fora do alcance dos teus sentidos.
Mesmo assim sigo-te.
Farei com que dês por mim pois tenho Tempo..."

quarta-feira, agosto 10, 2005

Mulherzinhas

sexta-feira, agosto 05, 2005

Stress

Tem uma vida calma demais? Está farto de ser bonzinho e anseia por um pouco de STRESS? Então:

1 Descubra qual o programa de televisão favorito dos seus amigos.
Telefone-lhes 7 minutos depois de começar.

2 Quando perguntar alguma coisa a uma mulher, peça-lhe que confirme primeiro com o marido. Isto funciona ainda melhor se também é mulher.

3 Aperte a pasta dos dentes pelo meio. Nunca lhe ponha a tampa.

4 Escolha amigos que não lhe agradem

5 Junte-se sempre às discussões de outras pessoas. Tente que terceiros se juntem também.

6 Se tiver tempo livre durante a hora de ponta, procure uma passadeira de peões e prima repetidamente o botão que pára o trânsito. Mas nunca chegue efectivamente a atravessar a estrada.

7 Ponha os pacotes de leite vazios outra vez no frigorífico.

8 Se alguém lhe está a contar uma anedota e você sabe o fim, espere pela recta final para lhe dizer que já a conhece.

9 Vá ao cinema. Sente-se ao lado de outras pessoas. Ponha-se na conversa com um amigo.

10 Reconheça as suas limitações. Ignore-as.

11 Reconheça as limitações dos seus amigos. Atire-lhas à cara.

12 Misture os cafés e os descafeinados dos outros sempre que puder.

13 Esconda sempre os abre-latas. Visite os seus amigos e esconda os deles.

14 Seja honesto. Sempre. Com todos. Acerca de tudo.

15 Minta. Sempre. A todos. Acerca de tudo.

16 Trate de quem lhe provocar agravos. Senão, eles ainda morrem e quem lhe fez mal vai-se safar com isso.

17 Fique com os louros de êxitos que não têm nada a ver consigo.

18 Quanto mais depressa respirar, mais ar recebe. É uma forma de passar a perna aos outros. Está a respirar o ar que seria deles. E eles não podem fazer nada para o impedir.

19 Esteja atento ás bisbilhotices. Conte-as a toda a gente. Acrescente sempre qualquer coisa.

20 Quando viajar pelo estrangeiro lembre-se que os naturais percebem português, se lhes falar bem alto e pausadamente.

21 Escolha sempre o parceiro errado. Recorra sempre ao mesmo amigo quando as coisas derem para o torto.

22 Fume. Fume Gauloises. Fume Gauloises em áreas de não fumadores

23 Nunca perca a oportunidade de dar conselhos aos outros. Sobretudo sobre assuntos sobre os quais não percebe nada.

24 Quando for a um Multibanco faça todas as transacções possíveis. Mas só se houver gente atrás de si.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Assalto

quarta-feira, agosto 03, 2005

Vila Nova III

Uma pequena onírica natureza que fica lá por casa até arranjar destinatário de merecimento



Acrílico sobre tela colada em cartão 40 x 25 cm

A maçã tinha bicho e as peras eram rijas como cornos. Em suma, não consegui comer as modelos!

terça-feira, agosto 02, 2005

Vila Nova II

Segundo quadro. Fui muito paciente ao aguentar a inquietude do modelo que queria basar para a praia a todo o custo.
Raios me partam que não consegui eliminar o tom azulado das fotos, pelo que peço desculpa.



Acrílico sobre tela colada em cartão 25 x 40 cm

segunda-feira, agosto 01, 2005

De volta

Sem nada de especial para contar passo a mostrar, ao ritmo de um por dia, três pequenos quadros com que me entretive nesta semana de lazer. Um destinou-se a presentear o meu aniversariante anfitrião, outro a calar a boca a uma querida e insistente amiga e outro ainda a fundo de catálogo.



Acrílico sobre tela colada em cartão 25 x 40 cm
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